Contos Pro(l)ibidos

O vértice entre Eros e o verbo é um dos principais campos de ação ficcionais de Elisabete. O que é dito, por quem é dito e como é expresso o desejo. Este confronto constante entre prazer e palavra está na linguagem, nas situações e na sofisticação do que é narrado. Embora se trate de um volume de contos, percebe-se uma intenção de romance, de memória, que torna o livro um documento interessante sobre a sexualidade.

    Num dos melhores momentos do livro, no conto intitulado Desirré e Craudinéia, a autora contrapõe os desejos e frustrações amorosas de patroa e doméstica, revelando as diferenças linguisticas que incidem sobre os mesmos desejos. Desirré, a patroa, constrói o erotismo, Craudinéia, a pornografia, ambas são vistas pelo amante comum, que se delicia!

    Mas os contos de Elisabete abrangem variados cortes de nosso erotismo, sempre trazendo à tona aspectos relevantes. Questões énicas, mitológicas, culturais, sempre com a palavra despida do preconceito que a cultura conservadora e religiosa nos impregnou. Mas nada disso teria muito valor se as histórias de Elisabete não fossem impregnadas de dois Hs: Humanismo e Humor. Altamente recomendável!

Regina Navarro Lins – Psicanalista e sexóloga