Ciranda de meninos aventuras masculinas.

Caro leitor, é seu o desafio maior ante a esta “petulância” da autora de esmiuçar o “sagrado” masculino em toda sua essência. As narrativas surgem com perícia e riqueza frente à posição hegemônica do homem (homem) em sua odisseia pretensamente civilizadora. O desafio consiste na incômoda e perturbante leitura que nos obriga a lançar olhares mais críticos sobre o que é ser homem. A leitura nos permite perceber os ensejos, as façanhas, os medos, os meninos homens e os homens-meninos, ora produto, ora construção.

    Cada personagem narra a si próprio, e, por conseguinte, um mapa de masculinidades é tecido como narrativas (im)precisas de uma gama de experimentos (homens coisas) de si mesmos. Ou seja, “tornar-se o que se é”, somente por meio de uma narrativa em construção. Sob este prima, a autora tem a ousadia e a sensibilidade de nos brindar com a nossa história particular contada nessa simbiose de arquétipos que personificam a todos nós, desde o homem patriarca, com seu apetite desmesurado de controle, aceitação e poder, ao homem que se permite sonhar desde menino, com sua “inocência” já direcionada para seus futuros quase que obrigatórios de triunfos e de glórias. Ser macho, um fardo quase messiânico e inevitável: homem!

    Essa leitura não permite, em momento algum, o estado letárgico de quem ousar ler. É justamente seu oposto, predominam a inquietação, a ânsida e o frêmito de querer desvelar o universo masculino. Como “nunca vi algo selvagem ter pena de si mesmo”, como diria o polêmico escritor David Herbet Lawrence, deixo ao leitor o convite para refletir sobre o universo masculino nas narrativas de Elisabete Nascimento, cujos desfechos são (im)previsíveis. É preciso ter consciência da opressão para fazer escolhas. Logo, talvez seja possível, por meio da Leitura, reconstruir masculinidades menos oprimidas e opressoras. Ousemos Leituras nesta ciranda! 

Bruno Luiz da Silva Nascimento – Escritor e Estudante de Direito